sábado, 31 de dezembro de 2011

BCE com depósitos recorde



Não posso deixar de fazer referência a uma notícia que vinha no jornal público de 28 de Dezembro de 2011.

Injecção de liquidez aos bancos "devolvida" ao BCE
 Depois de, na passada quarta-feira, terem batido todos os recordes no recurso aos empréstimos concedidos ao BCE, agora outro máximo: o do valor de depósitos que se realizam no banco central.
Os números não deixam margem para dúvidas. Depois de terem aproveitado para receber 489 mil milhões de euros na inédita injecção de liquidez a três anos realizada pelo BCE, os bancos da zona euro registaram, segundo os dados ontem publicados, 411,8 mil milhões de euros de depósito overnight (depósitos de um dia que podem ser sucessivamente prolongados) no banco central esta segunda-feira. Este valor representa uma subida muito substancial face aos 347 mil milhões observados na sexta-feira antes do Natal e bate o anterior máximo histórico de 384,3 mil milhões que se tinha verificado a 11 de Junho de 2010.
À primeira vista, pode ser difícil compreender por que é que os bancos que se conseguiram financiar junto do BCE a uma taxa de 1% estão agora a colocar esse dinheiro em depósitos que apenas rendem 0,25%. A explicação continua a ser, como tem sido desde o início da crise, a falta de confiança que os bancos mantêm entre eles e também em relação á evolução da crise da dívida soberana europeia. Se esse problema de falta de confiança não se resolver, o sucesso do contributo que o BCE decidiu dar para resolver a crise pode estar em causa....
O banco central espera deste modo atingir vários objectivos em simultâneo. Primeiro, evitar que alguns bancos caiam numa situação de falta de liquidez, que poderia desencadear problemas sistémicos de larga escala. Depois, reanimar o mercado de crédito interbancário, onde os bancos emprestam dinheiro uns aos outros. E por fim, conseguir que os bancos voltem a cumprir a sua função de concessão de crédito à economia, emprestando dinheiro aos estados onde as taxas de juros da dívida pública estão mais elevadas e ás empresas e particulares para investirem e consumirem.Os números ontem divulgados mostram que, numa fase inicial, isso não está a acontecer. Além da escalada dos depósitos no BCE, a taxa Euribor, que mede a situação no mercado interbancário desceu apenas ligeiramente e os juros de obrigações de países como a Itália e a espanha mantiveram-se estáveis a níveis elevados.Do lados dos responsáveis políticos europeus, a esperança é a de que os números agora conhecidos sejam apenas o reflexo de uma prudência inicial dos bancos, que com o tempo se venha a desvanecer. Só assim, a estratégia adoptada pelos líderes europeus na última cimeira poderá ter hipóteses de sucesso.
O que é que isto significa? Que grande parte da liquidez que as instituições financeiras receberam do banco central na semana passada não está, para já, a ser emprestada nem á economia real, nem aos estados dos países periféricos, nem aos outros bancos da zona euro, aquilo que são os objectivos dos responsáveis pela política monetária europeia. A liquidez está antes a voltar para o BCE, para depósitos que não rendem mais que 0,25% ao ano, mas que têm a vantagem de ser totalmente seguros.
Ler: BCE explicado

A minha interpretação, que não tem credibilidade nenhuma e poderá estar errada, mas ok é a minha interpretação: andam os países periféricos (Portugal, Espanha, Grécia, Itália) à rasca de dinheiroo, e o BCE, que empresta dinheiro a todos os bancos europeus, está com depósitos a rebentar pelas costuras.
Já para não falar que o BCE está situado em Frankfurt, na Alemanha...
Todo o dinheiro está a ser depositado no BCE, e o banco não está numa onda de emprestá-lo e se o empresta vai pedir taxas de juro mais altas aos países que estão a precisar.
Tanto que assim é que o BCE pede juros baixinhos aos companheiros alemães e juros altos aos preguiçosos do Sul.
Não esquecer que os juros que nos pedem pelo serviço da troika do FMI a bando da Comissão Europeia são metade da nossa dívida!
Cada vez me desiludo mais com a dita União Europeia, cada vez parece mais uma fachada, com a Alemanha na berlinda do controlo europeu.